18 de agosto de 2008

ASSOCIAÇÃO MACROCÉFALA

Numa classificação biológica, a macrocefalia significa os indivíduos que têm a cabeça grande e em decorrência temos a hipertrofia craniana pelo engrandecimento volumétrico de seus elementos constitutivos.
No campo da Física, os corpos que apresentam grande volume de massa ocupam muito espaço, o que vem diminuir suas possibilidades de movimento, redundando, assim, na pouca capacidade de força, já que a força é originada do movimento.
Segundo Hartmann, a inteligência é definida como “a função que adapta os meios aos fins”, o que vale dizer, que uma conduta inteligente apresenta-se como um conjunto de operações que não são indeterminadas, mas que estão subordinadas a um fim, visando à solução de um problema. A ausência desses parâmetros dá lugar a um comportamento instintivo, que tira a capacidade do homem na empreitada de qualquer obra, levando-o a não perceber os desgastes causados sua construção por um acidente antes de prosseguir na sua construção.
As organizações macrocéfalas são condenadas pelos princípios modernos da administração, que hoje procura descentralizar para melhor dirigir, colocando cada departamento dentro do setor específico a fim de que tenhamos a coordenação do todo.
Queremos com essa fundamentação científica chegar a uma análise do que começamos a assistir, agora, na classe do Magistério cearense, com o aparecimento repentino de uma associação reivindicando para si direitos absolutos de representante da categoria do Magistério nas duas áreas em que se divide o professorado, ou seja, os do ensino público e os da rede de escolas particulares. Essa organização que atende pela sigla ”ASPEC” – Associação dos Profissionais em Educação do Ceará, surge no lugar de outra que, em virtude da reforma porque passou o ensino brasileiro, perdeu sua finalidade, por ser restrita apenas à classe dos professores licenciados. Aquela morreu de nanocefalia e esta desaparecerá por hipertrofia se seus dirigentes não se aperceberem do erro em que estão incorrendo.
Esta nova associação de profissionais em educação precisa se definir nos termos em que o professorado saiba onde é a sua sede oficial e quais os seus reais objetivos. Até agora ninguém conhece o local de sua sede, suas reuniões semanais (aos sábados) têm ocorrido em locais diferentes, o que faz crer que se trata de um movimento contra alguma coisa, que ainda não disseram o que é.
Pelo que estou informado, suas reivindicações não têm razão de ser, porque o que pediram, há muito vem sendo providenciado através da Associação dos Professores e Estabelecimentos Oficiais do Ceará – APEOC, reconhecida pelos órgãos oficiais como a representante legítima do Magistério público cearense. Especificamente, a novel entidade solicitou do Governo a implantação do estatuto do Magistério e a solução para o professor contratado, mas que o último item já está contido no primeiro, e se o Grupo de Trabalho, que o governador do Estado criou para a regulamentação do estatuto, vier trabalhando em ritmo acelerado, como sabemos, brevemente concluirá o seu trabalho.
Diz um adágio que a panela em que muitos mexem, sai insossa ou salgada. Daí por que a ASPEC, se quiser ser útil ao professorado, deve lutar por melhorias junto às escolas particulares. Aí sim, os professores dessa área estão entregues à própria sorte.

Nemésio Silva - Publicado no CORREIO DO CEARÁ - 20/06/79

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