29 de agosto de 2008

COMO INVESTIR NA JUVENTUDE

Qualquer nação desenvolvida, que tenha ajustados todos os seus setores de progresso, dentro dos padrões exigidos para o seu desenvolvimento, reconhecido como tal, tem na juventude o principal fator de investimento, para onde devem convergir os recursos necessários no sentido de promover a formação do jovem, tornando-o útil à sociedade e integrado ao processo histórico de seu País. E o Brasil, com mais de 52 por cento de sua população na faixa dos 20 anos, dispõe de fabuloso potencial humano para empreender a sua marcha, rumo a um futuro promissor.
Seria explicar o óbvio dizer que o investimento na juventude é feito pela educação. Aqui chegamos ao nó da questão, que é nosso calcanhar-de-Aquiles, pois o Brasil, em termos de educação, vai mal. Falta-nos, para isso, um sistema educacional que prepare a juventude no sentido inverso do que se faz atualmente, desprezando, como ocorre, um passado histórico sem o qual não se vive o presente e nem tampouco chega-se bem ao futuro.
É lastimável o que temos hoje como educação: um amontoado de asneiras, distorções da realidade, deficiência de recursos e carência de meios, o que vem a culminar numa escola desajustada e fora de suas finalidades. Até já desapareceram os pontos de referência com que poderíamos avaliar a ignorância nacional, que já tomou a dimensão de todas as coisas. Os dois grandes campos em que se divide o conhecimento humano confunde-se com o nada, haja vista que mais se divisam, claramente, os conhecimentos dos três grandes ramos da Ciência da Natureza e nem das ciências sociais por lhes faltarem cientistas-pesquisadores. Ah! Fazer pesquisa no Brasil é crime. Mas diante da necessidade dos conhecimentos técnicos, o País vai buscar lá fora a elevados preços. Basta que se diga que a importação de tecnologia aumentou tanto nos últimos anos que o país gasta, só com ela, mais de quatro bilhões de dólares.
Há cerca de 5 mil pesquisadores no Brasil, em ciência e tecnologia, a nível de doutor, enquanto no Japão, que tem quase a mesma população que a nossa, há mais de 1000 mil desses cientistas; nos Estados Unidos, mais de 300 mil têm títulos de doutor. Para se ter uma idéia de como vai a educação no Brasil, em são Paulo, que apresenta o maior índice de crescimento econômico do País, 85 por cento dos professores da Física não são formados nesta ciência. Para citar outro importante centro econômico, Minas Gerais, o professorado daquele Estado mostra o seguinte quadro não menos triste que o de São Paulo: Só 10 por cento dos professores da Física são formados em Física; 30 por cento da área de Matemática são licenciados na disciplina e 3 por cento em Engenharia: 22 por cento são originários dos mais diversos cursos. Há professores lecionando Física que são formados em Teologia.
No tocante às verbas, destinadas para os gastos com educação, o Brasil ocupa, na América Latina, o humilhante 15º lugar, abaixo até do Haiti.
Eis uma pequena mostra de como o Brasil anda em Educação, o que nos faz perguntar: Que futuro nos aguarda/ Com que tipo de homens este País poderá contar para o dia de amanhã? Uma trava curvilínea se alojou nos olhos dos homens responsáveis pelos destinos deste País, que irá sofrer, num futuro próximo, pesadas conseqüências pelo despreparo da sua juventude hoje. A história está aí para fazer seu julgamento, correto e imparcial, do qual ninguém escapará.

-O-

Mostraremos neste artigo algumas falhas da Educação brasileira, porque acertos não podemos apresentar, infelizmente esta é a realidade.
O jornal “O Estado de São Paulo” traz em sua edição de domingo último importante matéria sobre as falhas da Educação, que começam no 1º Grau. Diz o periódico paulista: “O aluno médio, de uma escola pública, que se matricula na 1ª Série do 1º Grau no Brasil, tem uma deficiência vocabular muito grande, um universo restrito de palavras, age mais do que pensa, mas não verbaliza o que está fazendo; é inibido, repete o que ouve dos adultos que o cercam e essa linguagem não tem expressão correta”, encerra o grande Jornal bandeirante.
Esse perfil de entrada da criança na escola pública brasileira pode ser enriquecido pela constatação de que, nas regiões carentes – principalmente nas regiões rurais e periférica urbanas - o aluno tem carência alimentar, deficiência de habitação, sem, no entanto, ter também oportunidade de lazer – diz ainda o Jornal.
Esse quadro é agravado, sobretudo, pela inexistência do professorado, sem que lhe possa ajudar a progredir e, em razão da incompetência do mestre, inexiste também o interesse de aperfeiçoar seu aluno, ambos equivalendo-se em deficiência. As conseqüências dessa desintegração coloca a escola no mais baixo nível de qualidade, que leva à incapacidade de cumprir seus objetivos.
Isso ocorre com os escolares que ingressam na escola sem se falar na assombrosa estatística que nos mostra sete milhões de crianças brasileiras, da faixa etária de ensino obrigatório dos 7 aos 14 anos, que este ano não tiveram acesso à Escola para iniciar o 1º Grau.
Outro ponto a destacar é que por motivos vários o professor deixa de comparecer à sala de aula; a deficiência alimentar; os desajustes psicológicos, originados do próprio desajustamento familiar, e a bagagem de informação são traços comuns nas escolas de áreas rurais e periféricas urbanas de todo o País.
Segundo dados oficiais, fornecidos pela secretaria de 1º e 2º Graus do Ministério da Educação e Cultura, foram matriculados este ano no ensino de 1º Grau 21.774.818 alunos. Na primeira série estão 6.648.253 alunos e na 8ª Série 1.265.018 estudantes. Um terço desses alunos estuda em escola de apenas uma sala de aula. A matrícula, comparada ao total da população dessa faixa obrigatória, dos 7 aos 14 anos, deixa fora do sistema escolar cerca de 7 milhões de crianças no atual ano letivo.
Por grupo etário, de acordo com os números fornecidos pelo Instituto Brasileiro de geografia e Estatística – IBGE, a baixa de escolarização dos 7 aos 24 anos, em dados gerais de todo o território nacional, está em 50,1 por cento; dos 7 aos 9 anos em 57,6 por cento e dos 10 aos 14 anos em 73,9 por cento. O índice de analfabetismo dos 7 aos 24 anos é de 21,5 por cento e o de freqüência escolar encontra-se em torno de 49,7 por cento. Na Primeira Série de 1º Grau o índice de freqüência escolar baixou de 90,7 por cento em 1970 para 84,2 por cento.
Por aí o leitor pode ver a quanto anda a Escola brasileira nesta faixa de ensino. Muito há que ser feito para minorar este humilhante quadro, que no dizer da música gravada por Luís Gonzaga, “envergonha a Nação”.


CORREIO DO CEARÁ – 09/06/79


21 de agosto de 2008

HORAS A FIO

Pai
Eu não tive culpa e você guardou os segredos do tempo
E nós não tivemos tempo...
Para conversas
Você não falou de ti e eu não falei de mim
Tu guardaste contigo as dores,o sofrimento, as lágrimas
Não deixou que o vissem frágil como um menino
E eu ainda menino precisando de ti
Você não deixou ao menos eu te dar flores
E eu aqui ainda criança precisando de tua mão, querendo cobertores, e você ai coberto de flores
Eu aqui sentindo muito frio
e um vazio imenso.


Seu filho, Neudson Silva

18 de agosto de 2008

ASSOCIAÇÃO MACROCÉFALA

Numa classificação biológica, a macrocefalia significa os indivíduos que têm a cabeça grande e em decorrência temos a hipertrofia craniana pelo engrandecimento volumétrico de seus elementos constitutivos.
No campo da Física, os corpos que apresentam grande volume de massa ocupam muito espaço, o que vem diminuir suas possibilidades de movimento, redundando, assim, na pouca capacidade de força, já que a força é originada do movimento.
Segundo Hartmann, a inteligência é definida como “a função que adapta os meios aos fins”, o que vale dizer, que uma conduta inteligente apresenta-se como um conjunto de operações que não são indeterminadas, mas que estão subordinadas a um fim, visando à solução de um problema. A ausência desses parâmetros dá lugar a um comportamento instintivo, que tira a capacidade do homem na empreitada de qualquer obra, levando-o a não perceber os desgastes causados sua construção por um acidente antes de prosseguir na sua construção.
As organizações macrocéfalas são condenadas pelos princípios modernos da administração, que hoje procura descentralizar para melhor dirigir, colocando cada departamento dentro do setor específico a fim de que tenhamos a coordenação do todo.
Queremos com essa fundamentação científica chegar a uma análise do que começamos a assistir, agora, na classe do Magistério cearense, com o aparecimento repentino de uma associação reivindicando para si direitos absolutos de representante da categoria do Magistério nas duas áreas em que se divide o professorado, ou seja, os do ensino público e os da rede de escolas particulares. Essa organização que atende pela sigla ”ASPEC” – Associação dos Profissionais em Educação do Ceará, surge no lugar de outra que, em virtude da reforma porque passou o ensino brasileiro, perdeu sua finalidade, por ser restrita apenas à classe dos professores licenciados. Aquela morreu de nanocefalia e esta desaparecerá por hipertrofia se seus dirigentes não se aperceberem do erro em que estão incorrendo.
Esta nova associação de profissionais em educação precisa se definir nos termos em que o professorado saiba onde é a sua sede oficial e quais os seus reais objetivos. Até agora ninguém conhece o local de sua sede, suas reuniões semanais (aos sábados) têm ocorrido em locais diferentes, o que faz crer que se trata de um movimento contra alguma coisa, que ainda não disseram o que é.
Pelo que estou informado, suas reivindicações não têm razão de ser, porque o que pediram, há muito vem sendo providenciado através da Associação dos Professores e Estabelecimentos Oficiais do Ceará – APEOC, reconhecida pelos órgãos oficiais como a representante legítima do Magistério público cearense. Especificamente, a novel entidade solicitou do Governo a implantação do estatuto do Magistério e a solução para o professor contratado, mas que o último item já está contido no primeiro, e se o Grupo de Trabalho, que o governador do Estado criou para a regulamentação do estatuto, vier trabalhando em ritmo acelerado, como sabemos, brevemente concluirá o seu trabalho.
Diz um adágio que a panela em que muitos mexem, sai insossa ou salgada. Daí por que a ASPEC, se quiser ser útil ao professorado, deve lutar por melhorias junto às escolas particulares. Aí sim, os professores dessa área estão entregues à própria sorte.

Nemésio Silva - Publicado no CORREIO DO CEARÁ - 20/06/79

16 de agosto de 2008

AO MESTRE DO TEMPO

AO MESTRE DO TEMPO

Nelson Silva

É difícil de acreditar
Nos segredos que Deus
Não quis nos revelar.

E foi assim
Que Ele levou você daqui
Pra nunca mais voltar.

É difícil encontrar respostas
E ir muito além
Também não faz sentido não.

A morte e sua proposta absurda
Há vida à nossa volta
Nessa luta.

Quem sabe esse mistério
Não exista.
Quem sabe a história
Não resista.

A sua trajetória foi tão rica
Que mesmo na memória
A gente grita.

E na despedida da vida
Um bilhete de passagem só de ida
Será que te valeram as conquistas
E as tuas descobertas filosofistas.

E quando não achou nenhuma saída
Se tudo que restou foi a descida
Ao chão que um dia pisou em sua partida
Será que viverá em outra vida?

Canção-homenagem a Nemésio Dias Silva, meu pai, o Mestre do Tempo.

15 de agosto de 2008

A TV ESTRAGA O TRABALHO DA ESCOLA

“Televisão estraga o trabalho da escola”, afirmou o professor Abgar Renault. Segundo a opinião daquele mestre, a televisão está levando o jovem a uma limitação vocabular profunda de apenas trinta ou quarenta palavras básicas ao se comunicarem e em razão dessa pobreza de vocábulos, o jovem utiliza sempre gíria.
Ainda sobre o problema da televisão na escola o presidente da Comissão de Educação, senador João Calmon (Arena – ES), e diretor geral dos diários Associados, assim se manifestou: “O serviço da Censura é o principal responsável pela exploração do sexo e da violência na TV e que o Brasil paga um dos maiores preços “per capta” por tais programas”.
O ministro das Comunicações, Quante de Oliveira, disse: “O Brasil está pagando, a cada ano, milhões de dólares para liquidar a sua juventude”. – “A cada 100 horas de programação vendida ao nosso país, continuou o Ministro, o espectador assiste a um total de cenas entre assassínios, fuzilamentos, suicídios, incêndios, atropelamentos, batidas propositadas, linchamentos, explosões, ameaças veladas e chantagens”.
O mal lamentável em tudo isso é que, segundo senador João Calmon, todos esses programas de rádio e TV são previamente examinados pelo Departamento de Censura. Aí vimos que os interesses empresariais estão acima dos da Escola, da sociedade e da própria juventude brasileira, porque à Censura não podia passar o que poderíamos chamar de pusilanimidade, frente a um assunto de suma importância qual seja no que diz respeito com a educação do jovem, ou seja, a sua própria formação.
Não revelamos nenhum fato novo em dizer que a educação da juventude brasileira de hoje é grandemente prejudicada por diversos fatores que influenciam diretamente nos sentimentos de nossos jovens, desviando-os dos objetivos educacionais e do aproveitamento do ensino, em termos formativos e de conhecimento. Sabemos que este fato é uma decorrência do processo assistemático que prevalece sobre a sociedade em seu todo, sendo também a Escola atingida pelos efeitos dos novos elementos que fazem distorcer os reais valores, que norteariam a formação dos jovens: A Escola é uma parcela viva da comunidade.
Entre os fatores negativos na educação das gerações presentes, contamos com a Televisão, com seus programas massificantes de novelas, a partir das primeiras horas da tarde até quase os últimos horários de sua programação.
Vamos relatar aqui um fato curioso que ocorreu esta semana num certo colégio em Fortaleza: O professor passou um teste de Geografia numa de suas turmas, com as seguintes perguntas: 1) – Cite dois Estados do Nordeste brasileiro; 2) – Dê as Capitais de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul; 3) – Em que região está localizado o Estado do Amazonas? 4) – Qual o maior Estado brasileiro? 5) – Qual a Capital do seu Estado natal? 6) – Qual a Capital de seu país?
Respostas de uma das alunas: 1- Sobral e Camocim; 2 – Não respondeu; 3 – Brasil; 4 –O Ceará; 5- Não respondeu; 6 – Ceará. Decepcionado, o professor, para mostrar o quanto as novelas ofendem os jovens estudantes, passou um teste sobre a novela “Pai Herói”.
Perguntas: 1 – Quem é André Cajarana? 2 – O que faz Ana Preta? 3 – Onde nasceu Baldarate? 4 – Qual a autora? 5 – Em que canal passa a novela? 6 – Quem foi que mandou matar Carina?
Eis as respostas:
1 – Tony Ramos; 2 – Trabalha em Flor de Lys; 3 – Itália; 4 – Jannete Clair; 5 – Canal 10; 6 – César.
No primeiro teste de Geografia, a aluna tirou zero, como o leitor pode constatar pelas respostas dadas no teste, enquanto no teste sobre a novela “Pai Herói”, a mesma estudante acertou todas as perguntas, errando somente a grafia de alguns nomes, o que era de se esperar que acontecesse. Foi um dez, só que nada lhe foi atribuído, segundo explicou o professor, pois aquilo era absurdo, razão por que não merecia nota alguma. O teste foi somente para mostrar o quanto nossos alunos vivem desligados da Escola e voltados unicamente para coisas fúteis.
Aqui é o caso de se perguntar: Que poderemos esperar desta geração dos nossos dias, com uma juventude completamente desorientada e sem que a Escola tenha força para fazê-la retroceder do ponto a que chegaram?

Nemésio Silva - Publicado no CORREIO DO CEARÁ – 06/09/1979


11 de agosto de 2008

Você conheceu o jornalista Nemésio Silva?

RESULTADO DA ENQUETE

Sim, ele foi um grande jornalista - 6 (85%)
Sim, foi meu professor - 3 (42%)
Sim, tomei "umas" com ele - 1 (14%)
Não, quem é? - 0 (0%)

1 de agosto de 2008

Meu querido vozinho...

Eu era apenas uma bebezinha de sete
meses,quando o Pai do Céu lhe
chamou para com Ele morar!
Vejo suas fotos na estante da vó
Socorro para matar a saudade e
ver seu rostinho olhando para mim!!!